sábado, 20 de agosto de 2011

Beco sem saída

Você é criança.
Os dias passam, a escola é legal, o fim de semana tem um gostinho de horas a mais para brincar. Sexta feira é o dia do brinquedo. Suas redações não precisam ter muitas linhas e nem um tema complicado. Seus pais te esperam na porta da escola com um sorriso no rosto. Qualquer feito seu é motivo de festa em casa. Fazer amizades é muito fácil. Na família, todos te tratam com a maior quantidade de carinho que conseguem reunir. A festinha de aniversário no buffet é o programa que você espera durante o mês todo. Seus exercícios de provas são fáceis e muitos deles pedem que você desenhe e pinte. Você brinca na rua de amarelinha, polícia e ladrão, corrida e bicicleta.
Você é adolescente.
Os dias passam mais devagar, a escola começa a ficar chata. As aulas são maçantes. O fim de semana demora a chegar. Quando ele chega, você quer sair. Seus pais te passam um sermão, você finge não ouvir, mas no fundo, guarda alguma coisa. Seus amigos parecem sempre mais legais, bonitos e populares. Você passa a se sentir reprimido. Faz besteiras. Se veste de acordo com o estilo de vida que você decidiu levar, seja por vontade própria ou pressão das pessoas. Todos na escola te julgam esquisito. Os amigos verdadeiros começam a diminuir de sua lista. As provas ficam mais difíceis. Você perde a paciência para tudo. Briga com seus pais. Tudo é motivo para se irritar. Os anos na escola parecem nunca acabar. Você tenta passar a ideia de alegria para os outros, seja pela internet ou ao vivo. Você passa a se fechar em um mundinho virtual, esqueçe a vida lá fora. Você se sente pressionado por tudo e por todos. A família te vê como mais um adolescente que perdeu os encantos da infância.
Você está se tornando um adulto.
De uma hora para outra sua vida muda completamente. Os dias passam muito rápido. Você torce para o fim de semana chegar logo. Quando ele chega você quer ficar em casa, aproveitando a família ou mesmo sua cama. Você tem que escolher do nada a profissão que vai seguir. Cada um dá uma ideia e você fica perdido. Você se sente pressionado pela sociedade toda hora. Está em tempo de arrumar um emprego. Você busca, busca e recebe a mesma resposta: queremos alguém mais experiente. Você começa a sentir falta do tempo em que vivia de mesada. Antes, ela durava o mês todo, agora não. Você tem que aprender na marra a realidade da vida. As coisas que acontecem no mundo te assustam.
É, a vida passa em um instante.
Quando você se der conta, o tempo já vai ter passado. Você sentirá falta do tempo que gastou fazendo besteira .Achará coisas na sua casa que farão você se lembrar da sua infância. Todos começam a envelhecer e você lembra dos tempos antigos com carinho. Um dia pensará em todos os sonhos que te acompanharam durante sua vida. Quantos você realizou? Ainda dará tempo de realizá-los?
A resposta é sim! Enquanto você vive ainda dá tempo de tudo. O que você quiser fazer, faça. Sorria mais, dance, cante, dê risada, lembre o quanto você ama as pessoas que conhece. Não deixe de demonstrar. A vida e os momentos estão aí para isso.
A vida caminha sempre para o mesmo destino. Cabe a você escolher as bifurcações. Não se prenda no tempo antigo. Trate de aproveitar o que ainda resta. Você viverá a vida inteira dentro de um beco sem saída. Você nasce e não pode escapar da morte. Mas não é por isso que você deve se privar. A vida esta aí para ser preenchida de momentos lindos, difíceis, divertidos e emocionantes. Cada coisa que você julgar certo, faça, pois se você não fizer, pode ser tarde demais.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pensar coisas lindas - Oswaldo Montenegro

Quando anoitece no vale encantado,
Fica só um fiozinho de luz vermelha
Lá no horizonte.
E todas as crianças do mundo param pra ver o pôr do sol.
Ah, o deus das fadas fica tão triste se a gente deixa
De ver o pôr do sol!
A linha vermelha, puxa uma carruagem cheia de estrelas,
Onde está a deusas dos sonhos e seu pó mágico,
Que faz a gente sonhar coisas lindas...
Quando vocês estiverem tristes, pensem em coisas lindas:
Balas, travessuras, carinho, carrinho, beijo de mãe,
Brincadeira de queimado, árvore de natal,
Árvore de jabuticaba, céu amarelo, bolas azuis,
Risadas, colo de pai, história de avó...
Quando vocês forem grandes e acharem que a vida não é linda
Pensem em coisas lindas.
Mas pensem com força, com muita força,
Porque aí o céu vai ficar cheio de vacas gordas amarelas,
Cachorro bonzinho, bruxa simpática,
Sorvete de chocolate, caramelos e amigos
Vamos, vamos lá! vamos pensar só em coisas lindas!
Brincar na chuva, boneca nova, boneca velha, bola grande,
Mar verde, submarino amarelo, fruta molhada, banho de rio,
Guerra de travesseiro, boneco de areia, princesas,
Heróis, cavalos voadores...
Ih! já tá anoitecendo no vale encantado!
Dorme em paz, minha criança querida
Vamos pensar em coisas lindas até amanhecer

ESTE TEXTO É DO ARTISTA OSWALDO MONTENEGRO.

domingo, 14 de agosto de 2011

Novo país, novas experiências (parte 2)

A família sorriu para Laura. Ela, sem saber o que fazer, sorriu amarelo. O nervosismo a consumia.
A menininha soltou a mão da mãe, abraçou Laura pela cintura e disse:
- My new sister!
A garota achou aquilo muito fofo. Mas não conseguia tirar os olhos do rapaz, parado exatamente na sua frente.
Impossível. Como seria possível ter acabado de sonhar com ele? É claro que poderia ser um outro moreno de olhos verdes qualquer, mas ela sabia que não. Aquele sorriso era inesquecível.
Queria falar alguma coisa para aquela família simpática mas, estanhamente (ou será que não?) tinha esquecido todas as palavras em inglês que conhecia.
O silêncio entre os quatro chegava a ser constrangedor. A mãe pareceu se incomodar e perguntou:
- Are you ok, Laura?
A garota acordou de seu transe.
- Oh, Yes! Sorry! Hello! My name is Laura! I'm brazilian! - ela disse quase gritando.
- We already know, Laura. - disse o garoto finalmente abrindo a boca.
Laura ficou vermelha, percebendo o primeiro mico que pagara em solo americano.
- Oh, no problem! Let's go home! - disse a mãe abraçando a garotinha e indo em direção a saída do aeroporto.
Laura pegou uma de suas malas e o garoto, prestativo, pegou a outra. Juntos, todos foram para o estacionamento.
Já dentro do carro, Laura observava sua nova cidade. Estava em Tampa, na Flórida. A partir daquele dia ia morar ali. Seus sonhos estavam prestes a se realizar, aquela era sua nova vida.
Ao conversar mais com a família, descobriu que a mãe se chamava Sally, a menininha era Molly e o garoto, finalmente o garoto, era Stan.
O caminho do aeroporto parecia mais longo do que realmente era. Laura olhava para Stan tentando disfarçar que estava babando por ele, Molly não parava de tagarelar e a mãe dirigia e mostrava diversos pontos da cidade ao mesmo tempo.
Finalmente chegaram em casa. Era bonita, pensou Laura, enquanto olhava a sala a cozinha e o quintal, onde um cachorrinho latia alegremente.
Laura finalmente foi chamada para conhecer seu novo quarto. Subiu as escadas e deu de cara com o cômodo encantador onde ia dormir.
Colocou sua mala em cima da cama e Stan entrou no quarto deixando a outra mala no chão.
Ao sair do quarto piscou para Laura, fazendo-a praticamente desmaiar.
Para a surpresa da garota, ele entrou no quarto exatamente na frente do seu.
Sim, a partir daquele momento Laura poderia monitorar todos os movimentos de sua nova paixão.